sábado, 24 de setembro de 2011

Nota da CNBB: Vencer a corrupção com mobilização social

Publicamos abaixo, na íntegra, a Nota da CNBB sobre o combate a corrupção. Vamos ler e repassar para outras pessoas.

O Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), reunido em Brasília de 20 a 22 de setembro de 2011, manifesta sua solidariedade e apoio às últimas manifestações populares contra a corrupção e a impunidade, que corroem as instituições do Estado brasileiro.

A crescente interpelação da sociedade para melhor qualificar, social e eticamente, os seus representantes e outros poderes constituídos, se expressou como nova forma significativa do exercício da cidadania. Reveladora dessa consciência cidadã foi, além das atuais marchas contra corrupção, a mobilização durante a Semana da Pátria, que recolheu mais de 150 mil petições via internet em favor da campanha “Vamos salvar a Ficha Limpa”, fruto de ação popular que, neste mês completa um ano.

Atentos para que estas mobilizações se resguardem de qualquer moralismo estéril, incentivamos sua prática constante, com objetivos democráticos, a fim de que, fortificadas, exijam do Congresso Nacional uma autêntica Reforma Política, que assegure a institucionalidade do País.

O Estado brasileiro deve fazer uso dos instrumentos legais para identificar, coibir e punir os responsáveis por atos de corrupção. 

Sem comprometimento ético, no entanto, será impossível banir de nosso meio a longa e dolorosa tradição de apropriação do Estado, por parte de alguns, para enriquecimento de pessoas e empresas.

Neste sentido, insistimos nas propostas apresentadas, em nota conjunta da CNBB com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no dia da Pátria: “Para tornar vívido o sentimento de independência em cada brasileiro, devem os poderes eleger PRIORIDADES que reflitam a vontade da população, destacando-se: no Executivo, a necessidade de maior transparência nas despesas, a efetiva aplicação da lei que versa sobre esse tema, bem como a aplicação da “Lei da Ficha Limpa” aos candidatos a cargos comissionados, que também deveriam ser reduzidos.

No Legislativo, a extinção das emendas individuais ao Orçamento, a redução do número de cargos em comissão, o fim do voto secreto em todas as matérias e uma reforma política profunda, extirpando velhas práticas danosas ao aperfeiçoamento democrático.

No âmbito do Judiciário e do Ministério Público, agilidade nos julgamentos de processos e nos inquéritos relativos a crimes de corrupção e improbidade por constituírem sólida barreira à impunidade, bem como o imediato julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade sobre a Lei Complementar n. 135/2010 (Ficha Limpa)”.

Que o Espírito Santo ilumine todos os que, no exercício de sua cidadania, trabalham pela construção de um Brasil novo, justo, solidário e democrático.
Brasília-DF, 22 de setembro de 2011

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom Sergio Arthur Braschi
Bispo de Ponta Grossa
Vice-Presidente da CNBB Ad hoc
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

CAMPO DO BRITO E O MEIO AMBIENTE!


CAMPO DO BRITO E O MEIO AMBIENTE
Retomando a Campanha da Fraternidade 2011: Fraternidade e a vida no Planeta
Dia 08 de Outubro de 2011
Das 14 às 17 horas
Centro Pastoral Paroquial
Serra de São José, Lixo Reciclável, Cooperativa de Catadores de Lixo, Esgoto, Barragem, Lixão, Aterro Sanitário.
Mesa redonda com representantes da ONG Canto Vivo de Aracaju, da Prefeitura Municipal, do Poder Legislativo, dos Cidadãos e das Cidadãs de Campo do Brito.
Vamos ter Oração, Música, teatro, palestra...
Ver, conhecer, planejar, agir!
Participemos!
Participemos!
Participemos!

domingo, 18 de setembro de 2011

REFLEXÃO PARA O 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Mais uma vez a liturgia nos corrige quando dizemos que aquelas coisas boas que nos acontecem ou com os nossos amigos, são consequências dos méritos a que fizemos jus. Do mesmo modo, quando ocorre algum acontecimento infausto, perguntamos o que fizemos para recebermos tal castigo. Por outro lado, se isso acontece com alguém que não no é simpático, comentamos que essa pessoa deve ter aprontado e, por isso, recebe essa punição.

Tuda essa maneira de pensar está errada e não é cristã. O Cristianismo trabalha com a gratuidade, isto é, com a ação de Deus, e Deus é Pai, é Amor. Deus nos ama não por aquilo de bom que fizemos e nem nos deixa de amar pelas coisas erradas que praticamos. O Amor ama por amar e, mesmo vendo nossas culpas, continua nos amando. Essa é a grande eterna verdade. Somos amados gratuitamente por Deus!

Quando Deus nos criou não existíamos, Ele nos amou primeiro sem nenhum mérito nosso. E assim continua, porque Ele é Deus!

Isso nos diz Isaías na primeira leitura: “Meus pensamentos não são como vossos pensamentos e meus caminhos não são como os vossos caminhos, diz o Senhor!” (Is 55, 8)

Essa idéia é retomada e referendada por Jesus com a parábola do patrão generoso. O patrão dá a mesma quantia como pagamento tanto aos que começaram pela manhã, quanto aos que foram contratados no final do dia. Ao ouvir as reclamações dos que se achavam mais cheios de méritos que outros, ele responde: “Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja, porque estou sendo bom?” (Mt 20,15)

A justiça do Reino de Deus é dar a cada um o que precisa para viver e viver abundantemente, ainda nesta terra.

Não faz parte da justiça de Deus a realidade na qual alguns que não trabalham tanto ganham quantias enormes, e outros que trabalham muito como empregadas domésticas, como professores de escola média, e como outros profissionais ganham insuficiente para uma vida decente.

Todos são filhos de Deus e a igualdade deve acontecer já nesta vida, e não apenas na outra. O amor deverá superar todas as desigualdades e fazer justiça a todos, isto é, todos deverão ter o necessário para uma vida tranquila com direito ao que precisam. Está errado e não é justo alguns terem tanto e outros, nem o necessário para sobreviver.

Fonte: radiovaticana.org

terça-feira, 13 de setembro de 2011

PRONUNCIAMENTO DO PADRE JOSÉ IONILTON, SDV NA CÂMARA DE VEREADORES


> Inicialmente quero agradecer a concessão deste espaço por mim solicitado pelo Ofício nº 21/2011.
> O motivo de minha solicitação foi o pronunciamento de alguns de Vossas Excelências na Sessão Ordinária desta Câmara no dia 11 de agosto do corrente ano sobre a retirada da novena dos Vereadores.
> Em primeiro lugar quero dizer que na verdade não foi retirada a novena dos Vereadores, porque ela nunca existiu, porque novena significa nove noites e pelo que escutei de alguns irmãos e irmãs da paróquia era colocado apenas uma noite do novenário da festa da padroeira onde o Poder Legislativo era incluído, até, diria, de forma inadequada e parcial,  como um dos responsáveis.
> Digo de forma inadequada, pois normalmente se chama de “responsáveis” as pastorais, grupos e movimentos da paróquia que organizam a liturgia daquela noite do novenário.
> Digo que de forma parcial, pois já que colocaram o Poder Legislativo como um dos responsáveis por uma noite do novenário, deveriam ter também colocado uma noite para o Poder Executivo e outra para o Poder Judiciário, já que os três poderes são importantes na vida das pessoas do município.
> Foi pensando assim que neste ano durante a reunião que fizemos com o CPP – Conselho Paroquial de Pastoral e a Comissão de Festa, propusemos e foi aceito não especificar o Poder Legislativo e colocar uma noite do novenário como “Convidados” os Funcionários Públicos Federal, Estadual e Municipal, compreendendo que todos os que trabalham na esfera pública, nos três poderes, por eleição, nomeação, seleção ou concursado são “funcionários públicos”.
> Para mim a noite de Vossas Excelências foi mantida. Ela foi incluída na programação do Novenário de 2011 no dia 08 de agosto.
> Além disto, creio que para Vossas Senhorias que são católicos, não precisavam de um convite especial, pois o Novenário é uma atividade própria de nós católicos. São celebrações inerentes à prática dos que se sentem Igreja Católica, como fizeram centenas de irmãos e de irmãs que participaram todas as noites lotando o nosso Templo, sem terem seus nomes incluídos com destaque na programação da festa.
> Quanto ao que disseram Suas Excelências os Vereadores Gilson e Santos que  “repudiaram a atitude dos responsáveis pelo novenário, uma vez que sempre colaboram com as festividades religiosas”, quero dizer que como Suas Excelências são centenas de pessoas que colaboram com as festividades religiosas e seria impossível e até injusto destacar apenas quem pode oferecer mais financeiramente.
> Acredito que quando um de Vossas Senhorias é procurado para ajudar à Paróquia, seja no que diz respeito à Igreja Matriz (cidade) ou a alguma Comunidade do interior e generosamente ajudam, fazem isto sem esperar qualquer retorno humanamente falando. Vale lembrar aqui as Palavras do Divino Mestre Jesus: “Tu, porém, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que a tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará” (Mt 6, 3-4).
> Aproveito para dizer que se Vossas Excelências forem procurados por qualquer irmão ou irmã de nossa Paróquia pedindo ajuda, não devem se sentir obrigados a ajudar. Ajudem apenas se livremente desejarem. Saibam Vossas Excelências que não divulgaremos, quando nada enquanto eu estiver aqui como Pároco, nenhuma lista seja de quem ajudou ou de quem não ajudou. Mesmo que alguém procure Vossas Senhorias pedindo ajuda para uma determinada atividade e vierem me dizer que um ou alguns de Vossas Excelências não quiseram ajudar, isto não será considerado por mim como uma ofensa, afinal a gente ajuda quando pode e quando sente que o objetivo para qual está se fazendo o pedido de ajuda é algo bom, honesto e de interesse comum.
> Sobre a proposta da Moção de repúdio feita pelo Vereador Welligton vejo como uma proposta justa, pena que Vossas Excelências decidiram não fazer. Vejo a Moção como o instrumento legal de manifestar apoio, solidariedade ou repúdio. Ao mesmo tempo, a moção serve para que a parte interessada, principalmente, quando o assunto é um repúdio, uma crítica tome conhecimento do que Vossas Excelências pensam como Vereadores deste município. Quero deixar registrado aqui que o Vereador Wellington me telefonou para explicar a sua proposta.
> Realizamos recentemente uma semana da Cidadania e o Grito dos Excluídos, cujo convite foi enviado a esta Casa através do Ofício nº 16/2011. Foi uma semana de intensa reflexão sobre o exercício de nossa cidadania como brasileiro, sergipano e britense, procurando crescer na consciência de nossos deveres e de nossos direitos. Tivemos uma participação de 50 pessoas em média.
> Não tenho poupado esforço, seja em minhas homilias seja nas reuniões, para estimular meus irmãos e minhas irmãs na fé católica a assumirem mais a dimensão social da fé, já que "a fé cristã não despreza a atividade política; pelo contrário, a valoriza e a tem em alta estima" (Documento de Puebla, 1979, nº 514) e como nos afirmam os Bispos Católicos do Brasil, no Documento nº 80 da CNBB: Evangelização e missão profética da Igreja, no número 2.4: "A política pode ser um caminho privilegiado para o serviço da justiça, ‘uma forma sublime da caridade'. (...) a Igreja quer reabilitar a política, denunciando e lutando contra a corrupção, participando da administração da ‘res-pública', encorajando os cristãos a ‘entrar' na política e acompanhando os que já atuam neste campo".

> Iremos dentro de alguns dias está caminhando em Ofício, mas jáaproveito para convidar Vossas Excelências para uma tarde de reflexão sobre a questão ecológica em nosso município, retomando o tema da Campanha da Fraternidade de 2011, Fraternidade e Vida no Planeta Terra, a ser realizada no dia 08 de outubro, sábado, das 14 às 17 horas no Centro de Pastoral Paroquial. Vamos refletir sobre a questão do saneamento básico (água e esgoto), do lixo (aterro sanitário e reciclagem) e a revitalização da Serra de São José (projeto Canto Vivo de Aracaju).

> Deixo aqui, também, meu apelo a Vossas Excelências para somarmos forças para melhorarmos a participação popular na vida pública de nosso município. Crescer a participação nas sessões da Câmara (sugiro que uma vez por mês Vossas Senhorias colocassem o serviço de som nas ruas convidando a população para as sessões, como fazem quando vai acontecer uma sessão itinerante nos povoados); crescer a participação da população nos Conselhos municipais (sugiro a elaboração de um cartaz com os Conselhos existentes e locais, dias e horários de funcionamento) e uma maior participação da população no acompanhamento das Contas Públicas (no ano que vem fazer uma cartaz e um trabalho de carro de som divulgando o direito de acompanhar por 60 dias as contas públicas da Prefeitura e da Câmara de Vereadores).

> Encerro dizendo do meu apreço por esta Casa Legislativa, por aqueles e por aquela que neste mandato exercem este importante serviço ao povo britense. Coloco-me, mais uma vez, à inteira disposição de Vossas Excelências, para colaborar enquanto pessoa, cidadão e enquanto Religioso Vocacionista Padre Pároco em tudo que esta Casa precisar para trazer benefício à nossa população, especialmente aos mais pobres e excluídos.

domingo, 11 de setembro de 2011

REFLEXÃO PARA O 24º DOMINGO DO TEMPO COMUM

O tema da liturgia deste domingo continua sendo o ato de perdoar, agora refletido como necessidade para ser feliz.

O Livro do Eclesiástico nos diz que: “O rancor e o ódio são coisas detestáveis; até o pecador procura dominá-las.” “Quem se vingar encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas de seus pecados.” Quando nos deixamos levar por esses sentimentos, não só não reparamos a injustiça que nos atingiu, mas o mal irá se agravar.
Sabemos que o homem verdeiramente religioso perdoa, e isso garante sua relação com Deus porque Deus é misericórdia e nos criou à sua imagem e semelhança. Fomos criados à imagem da misricórdia e do perdão.

“Se não tem compaixão por seu semelhante, como poderá pedir perdão pelos próprios pecados?”
O mais humano, o mais racional é perdoar as injustiças cometidas contra nós, para que Deus perdoe as nossas. O ódio, a vingança só acrescentam mágoas, dores e outros sentimentos negativos, enquanto o perdão leva à vida, à reconstrução, à liberdade. O perdão abre as portas ao diálogo, à possibilidade de aliança, “devolve ao outro o direito de ser feliz”.

No Evangelho de hoje Jesus nos diz em “perdar setenta vezes sete” o irmão, isto é, perdoar sempre.

Apesar de textos como o do Eclesiástico estarem presentes no mundo judeu da época, era para todos muito difícil perdoar algumas faltas e principalmente se eram cometidas várias vezes pela mesma pessoa. Também nós, alguns milênios depois, temos as mesmas dificuldades. Pedro, nesse momento, representa toda a Humanidade que pergunta ao Senhor quantas vezes deve-se perdoar.

Para o Mestre, o perdão deve ser total e contínuo. Deve ser uma atitude, uma postura de vida. Para isso ele nos ensina o Pai-Nosso que diz: “Perdoai as nossas ofensas, assim como perdoamos aos que nos têm ofendido”.

Jesus conta uma parábola: um rei pediu que um de seus empregados que lhe devia uma pequena fortuna lhe pagasse. Este, evidentemente, jamais teria esse dinheiro e suplicou por perdão. O rei, compassivo, perdoou. Contudo o empregado perdoado, ao sair da presença do rei, encontrou um companheiro que lhe devia uma quantia pequena, cerca de três salários mínimos. Ele, simplesmente, agarrou o companheiro pelo pescoço e exigiu o pagamento. Também esse fêz como ele. Ficou de joelhos e pediu um tempo para pagar. Mas ele não agiu como o rei que lhe perdoara a dívida, ao contrário, mandou prender o colega. Quando o rei soube do ocorrido, ficou indignado e mandou prender o empregado, a quem chamou de servo mau e cruel.
O rei da parábola possuía misericórdia, enquanto seu empregado, não.
Deus é esse rei que nos perdoa todas as nossas imensas dívidas. Por isso devemos agir como Ele e perdoar aos que nos devem. “Filho de peixe, peixinho é!” Deus nos fêz à Sua imagem e semelhança!

O perdão é conatural ao ser humano, contudo, o não perdoar é antinatural, é desumano! Desfigura o homem e a sociedade. Favorece o progresso da violência instaurando a cultura da morte. Isso trás o inferno para o nosso dia a dia.
Ao contrário, se somos humanos e perdoamos, estamos trabalhando pela paz, pela nova sociedade, instaurando a Civilização do Amor! 

Fonte: radiovaticana.org

domingo, 4 de setembro de 2011

REFLEXÃO PARA O 23º DOMINGO DO TEMPO COMUM

O que é perdoar e como perdoar? Neste domingo, o Evangelho nos propõe uma reflexão sobre o ato de perdoar, do perdão.

A primeira atitude do cristão é ir em direção ao pecador e tratá-lo como irmão, com repeito e atenção.

O falar mal e pelas costas, nada adianta, piorará a situação quando o faltoso souber de que seu erro foi tema de conversas de outras pessoas. Ele é o mais interessado e não outros. Se ele não sabe e é deixado alheio do que se fala dele, isso se chama, em bom português, fofoca. É uma atitude mundana e nada cristã.

Por outro lado, quem vai falar com o faltoso, deverá ir na qualidade de quem já perdoou a falta cometida, colocando-se na posição de irmão, jamais de juiz.
Muitas pessoas, com determinação, possuem o costume de dizer a verdade, doe a quem doer. Tudo bem! Contudo, nos casos em que a verdade, ao ser dita, poderá provocar rancores e ódios, ela não deverá ser falada. Nem tudo deve ser dito, mas apenas aquilo que gera vida e não morte.

Tudo deverá ser feito em clima de sigilo, respeitando a dignidade e a privacidade do outro. Se por acaso o faltoso não ouvir o irmão que o procurou com caridade, este deverá se cercar de mais outros dois irmãos semelhantes no respeito e na busca da salvação do faltoso. Procurar o mesmo e entabular uma conversa fraterna.

Nesse momento, onde o faltoso está sozinho de um lado, tendo à frente três outras pessoas que comentam sua má ação, o transgressor jamais poderá ser colocado contra a parede e sentir-se acusado. Se isso acontecer, não será a conversa proposta por Jesus no Evangelho, mas exatamente o que jamais deveria estar acontecendo entre irmãos. O objetivo do papo é a recuperação do transgressor e não sua humilhação e condenação.

Por último chegamos ao terceiro passo da proposta do Senhor. Se nem com a admoestação de mais dois irmãos, o que cometeu um delito não se arrepende e não se propõe a não mais cometer tal falta, a Igreja, ou seja, a Comunidade dos cristão deverá anunciar que a postura daquela pessoa não corresponde à Boa Nova pregada por ela, que aquele homem não pode ser tomado como um dos seus, posto que sua atitude é exatamente contrária aos princípios cristãos.

Por exemplo, poderá ser tido como membro da Igreja aquele homem que propaga idéias racistas, discriminação, violência e o abuso econômico? A Igreja terá o direito e o dever de tornar público seu absoluto desacordo com aquela pessoa.

Situando-nos no versículo 9 do cap. 33 de Ezequiel, 1ª leitura da liturgia de hoje: “Todavia, se depois de receber tua advertência para mudar de proceder, nada fizer, o faltoso perecerá devido a seu pecado, enquanto tu salvarás a vida”.

Ao sermos responsáveis pela vida dos outros, em favor da justiça, agindo com misericóridia, é que ganhamos a nossa!

Fonte: radiovaticana.org

sábado, 3 de setembro de 2011

GRITO DOS EXCLUÍDOS 2011!

Dom Luiz Demétrio Valentini

Bispo de Jales - SP

Na Semana da Pátria deste ano vai acontecer o 17º. Grito dos Excluídos. Pela sua continuidade, e pelas repercussões que ainda suscita, o Grito se apresenta como uma das iniciativas bem sucedidas da CNBB, levada em frente pelas Pastorais Sociais.

Foi realizado pela primeira vez em 1995, ano da Campanha da Fraternidade sobre os Excluídos. Aí já encontramos um dos motivos do acerto deste evento. Ao longo de todos os anos, ele sempre fez questão de retomar o tema da Campanha da Fraternidade, mostrando seus desdobramentos em torno de situações concretas, que mais exigem nossa atenção. 

O Grito faz repercutir a Campanha da Fraternidade. Como, por exemplo, neste ano com a campanha sobre a vida no planeta, o Grito nos provoca lembrando que “pela vida grita a terra, por direitos todos nós!”.

Outra razão que explica o sucesso do Grito foi o fato de vincular sua promoção ao Dia da Pátria. Desde a primeira edição, em 1995, a intenção era recuperar para a cidadania a celebração do “Dia da Pátria”, com manifestações que envolvessem os movimentos sociais, garantindo espaço para os que se sentiam, por um motivo ou outro, “excluídos” dos benefícios a que todos têm direito como cidadãos do mesmo país.

Esta é outra circunstância que ajuda a desenhar o quadro de referências do Grito dos Excluídos. Ele nasceu como gesto concreto da Semana Social, que tinha por tema “O Brasil que nós queremos”.

Desde o seu início, o Grito se colocou a serviço da cidadania, incentivando a participação popular em torno de grandes causas que o povo precisa assumir.

Como a história da proclamação da nossa independência vem associada ao “Grito” de Dom Pedro, o Grito dos Excluídos vem nos alertar que a soberania de nosso país precisa ser assumida sempre, de maneira consciente e articulada.

Por isto, em cada ano, não faltam causas, com a ênfase de gritos que apelam para os nossos compromissos de cidadãos. Entre tantas, podemos citar algumas, que estão sendo assumidas pelo Grito deste ano.
 
Uma delas é a corrupção. Ela merece nosso repúdio constante. Ela precisa ser combatida com firmeza e sem complacência. Este combate deve ser sustentado pelo poder público, mas precisa ser apoiado pela cidadania.

Outro grito que precisa ecoar com mais clareza é contra a droga. Estamos chegando ao limite da tolerância. A nação corre perigo! A população, em especial a juventude, não pode mais ficar exposta à ganância de inescrupulosos, que permanecem impunes enquanto vidas inocentes são ceifadas em números assustadores. O combate contra a droga exige mais vigilância de nossas fronteiras territoriais. Mas exige também que nos demos conta que os caminhos da droga são abertos pela perda de valores morais, com o conseqüente abalo de nossas instituições. Além de enérgica ação do poder público, o combate contra a droga precisa contar com a corajosa recuperação dos critérios éticos que precisam presidir a nossa convivência familiar e social.

Outro Grito, que já começa a ficar impaciente, é por uma eficaz reforma política. Ela precisa desencadear um processo, que não pode prescindir da regulamentação dos instrumentos de democracia direta, que a Constituição já prevê, mas que até agora não foram regulamentados com clareza e segurança.

Outro tema de enorme responsabilidade se coloca agora em torno do novo Código Florestal, cuja votação está tramitando no Congresso. Em torno deste Código Florestal é necessário superar os radicalismos, para se chegar, com lucidez e equilíbrio, a compatibilizar os objetivos da proteção ao meio ambiente com os objetivos da agricultura. A discussão em torno do Código Florestal precisa se transformar em bom instrumento de consensos razoáveis, que levem em conta todas as dimensões implicadas neste complexo assunto, cheio de conseqüências práticas, que não podem ser ignoradas, ou atropeladas por bandeiras que escondem interesses ou carregam ingenuidades.

E assim o Grito pode ir levantando outros assuntos, como os agrotóxicos, a reforma tributária, a reforma previdenciária, a questão da moradia urbana, as barragens, e outros mais. 

A cidadania agradece!

>>> E nós da Paróquia Nossa Senhora da Boa Hora e São Roque agradecemos a Dom Demétrio por este artigo e pelo seu ministério de bispo a serviço da justiça e da vida.