domingo, 26 de fevereiro de 2012

Campanha da Fraternidade

Sabiamente, em 1964, a Igreja instituiu a Campanha da Fraternidade, com abrangência nacional, tendo como principal objetivo, evangelizar. Isto acontece em sintonia com o tempo da quaresma, e constitui espaço privilegiado de formação dentro da motivação proposta para cada ano.

Em 2012, o tema é: “A fraternidade e a Saúde Pública”, e o lema: “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38, 8). A busca de saúde é uma urgência e uma das condições essenciais para que a pessoa tenha dignidade. Por isto, todos têm direito aos meios públicos para tratamento de saúde.

O grande objetivo da Campanha deste ano é refletir sobre a realidade da saúde no país em vista de uma vida saudável. Sabemos que a vida, a saúde e a doença são um mistério, verdadeiros dons de Deus, ambas relacionadas à ordem corporal e à espiritual, necessitando sempre de cura.

Ninguém escolhe ser doente. A doença se impõe. Mas buscamos a saúde e bem estar físico, psíquico, social e espiritual. Temos que ver a doença como oportunidade de evidência de valores contidos na pessoa. Podemos falar de igualdade, solidariedade, justiça, participação cidadã etc.
Na defesa de uma vida sadia e saudável, o empenho de solidariedade é fundamental. Todas as forças da sociedade devem ser canalizadas em benefício da saúde e de uma vida mais saudável. Há o papel imprescindível do Estado, da Igreja e de cada cidadão, cada um a seu modo trabalhando pela qualidade de vida das pessoas.

A saúde deve ser uma realidade concreta para as pessoas e a vida seja plenamente vivida em todas as suas dimensões, seja a nível pessoal, como social. Por isto, a Campanha da Fraternidade quer ser um sinal de esperança para o povo brasileiro, superando as fraquezas, valorizando a vida no todo.

No passado, o que mais matava o povo eram as doenças contagiosas. Hoje é a obesidade, o câncer, os vícios, as doenças de coração, a AIDS etc. Grande parte de tudo isto tem relação forte com a alimentação e com o meio ambiente. São realidades que afetam a vida, os costumes e o dia a dia das pessoas.

No Sistema Único de Saúde, a saúde é vista como direito. Por isto, deve atender a todos, mas tem sido uma das maiores fontes de desvios. Muito dinheiro da saúde é destinado para outros fins. É uma proposta socialista, mas numa cultura capitalista, que valoriza mais o dinheiro do que a saúde das pessoas.

O que falta muito é o acompanhamento da comunidade organizada, a participação nos conselhos ligados à saúde, policiando o destino do dinheiro público destinado para essa área. Para isto é importante a consciência crítica das pessoas cobrando aquilo que é de direito. Só assim teremos uma realidade nova e mais humana.

Por fim, a Campanha da Fraternidade é momento de reflexão e conscientização sobre o que está acontecendo com a saúde pública. O que vemos é a sua privatização, tendo em vista os diversos planos particulares, enfraquecendo o sistema que deveria dar sustentação e vida de qualidade para todos.

Dom Paulo Mendes Peixoto
Bispo de São José do Rio Preto.
Fonte: radiovaticana.org

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