segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Papa dá orientações de como educar os filhos na fé e na vida

Queridos irmãos e irmãs

É sempre uma alegria celebrar esta Santa Missa com os Batismo das crianças. Vos saúdo com afeto, caros pais, padrinhos e madrinhas, e todos vocês familiares e amigos! Viestes – a dissestes em alta voz – para que os vossos bebês recebam o dom da graça de Deus, a semente de vida eterna. Vós pais quisestes isso. Pensastes no Batismo antes mesmo que o vosso filho ou a vossa filha viesse à luz. A vossa responsabilidade de pais cristãos vos fez pensar logo no Sacramento que marca o ingresso na vida divina, na Comunidade da Igreja. Podemos dizer que esta foi a vossa primeira escolha educativa como testemunhas da fé em relação aos vossos filhos: a escolha é fundamental.

O objetivo dos pais, ajudados pelo padrinho e pela madrinha é o de educar o filho ou a filha. Educar é muito trabalhoso, às vezes é árduo para as nossas capacidades humanas, sempre limitadas. Mas educar se torna uma maravilhosa missão se a cumprimos em colaboração com Deus, que é o primeiro e verdadeiro educador de todos os homens.

Na primeiro leitura que escutamos tirada do livro do profeta Isaías, Deus se volta para o seu povo exatamente como educador. Protege os israelitas para que estem não saciem a sede e fome em fontes erradas: “Por que gastais dinheiro com aquilo que não é pão, o vosso salário com aquilo que não sacia?” (Is 55,2). Deus quer dar-nos sobretudo Si mesmo e a sua Palavra: sabe que distanciando-nos dEle, nos encontraremos logo logo em dificuldade, como o filho pródigo da palavra, e sobretudo perderemos a nossa dignidade humana. E por isto, nos assegura que Ele é misericordia infinita, que os seus pensamentos e as suas vias não são como as nossas – por sorte nossa! - e que podemos sempre retornar a Ele, à casa do Pai. Nos assegura que se acolhermos a sua Palavra, a mesma trará frutos bons para nossa vida, como a chuva que irriga a terra (Is 55, 10-11).

A esta Palavra que o Senhor dirigiu mediante o profeta Isaias, nós respondemos com o refrão do Salmo: “Chegaremos com alegria às fontes de salvação”. Como pessoas adultas, temos o compromisso de atingir fontes boas, pelo nosso bem e daqueles que foram confiados à nossa responsabilidade, em particular, vós, caros pais, padrinhos e madrinhas, para o bem destas crianças. E quais são as fontes de salvação? São a Palavra de Deus e os Sacramentos. Os adultos são os primeiros a alimentarem-se destas fontes, para poder guiar os mais jovens no crescimento deles. Os pais devem dar tanto, mas para poder dar têm a necessidade às vezes de receber, ao contrário, se esvaziarão, se secarão. Os pais não são a fonte, como também nós sacerdotes não somos a fontes: somos os canais, através dos quais deve passar a proteína vital do amor de Deus. Se nos distanciamos da fonte, nós mesmos por primeiro seremos atingidos negativamente e não teremos a capacidade de educar os outros. Por isto nos comprometemos dizendo: “Chegaremos com alegria às fontes da salvação”.

E agora vamos para a segunda leitura e para o Evangelho. Os trechos nos dizem que a primeira e principal educação vem através do testemunho. O Evangelho nos fala de João o Batista. João foi um grande educador dos seus discípulos porque os conduziu ao encontro com Jesus, ao qual rendeu testemunho. Não exaltou a si mesmo, não quis ter os discipulos ligados a si. João também era um grande profeta, a sua fama era muito grande. Quando Jesus chegou, ele se colocou atrás e indicou-o: “Depois de mim vem aquele que é mais forte que eu. Eu vos batizei com água, mas ele vos batizará no Espírito Santo" (Mc 1, 7-8). O verdadeiro educador não liga as pessoas a si, não é possessivo. Quer que o filho, o discípulo, aprenda a conhecer a verdade e estabeleça com ela um relacionamento pessoal. O educador cumpre o seu dever até o fim, não permite que falte a sua presença atenta e fiel, mas o seu objetivo é que o educando escute a voz da verdade falar ao seu coração e a siga em um caminho pessoal.

Retornemos agora ao testemunho. Na segunda leitura, o apóstolo João escreve: “É o Espirito que dá testemunho” (I Jo 5,6). Se refere ao Espírito Santo, o Espírito de Deus, que rende testemunho a Jesus, atestando que é o Cristo, o Filho de Deus. Isso se vê também na cena do batismo no rio Jordão: o Espírito Santo desce sobre Jesus como uma pomba para revelar que Ele é o Filho Unigênito do eterno Pai (Mc 1,10). Também no seu Evangelho, João sublinha este aspecto, lá onde Jesus diz aos discípulos: “Quando vier o Paráclito, que eu vos mandarei do Pai, o Espírito da verdade que procede do Pai, ele dará testemunho de mim, e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio” (Jo 15, 26-27). Este é um grande conforto no empenho de educar à fé, porque sabemos que não estamos sós e que o nosso testemunho é sustentado pelo Espírito Santo.

É muito importante para vós pais e também para os padrinhos e madrinhas, acreditar fortemente na presença e na ação do Espírito Santo, invoca-lo e acolhê-lo em vós, mediante a oração e os Sacramentos. É Ele, de fato, que ilumina a mente, inflama o coração do educador para que saiba transmitir o conhecimento e Amor de Jesus. A oração é a primeira condição para educar, porque rezando, nos colocamos na disposição de deixar a Deus a iniciativa, de confiar os filhos à Ele, que os conhece antes o melhor que nós, e sabe perfeitamente qual é o verdadeiro bem deles. E, ao mesmo tempo, quando rezamos, nos colocamos em escuta das inspirações de Deus para fazer bem a nossa parte, que nos cabe e devemos realizar. Os Sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Penitência, nos permitem de cumprir a ação educativa em união com Cristo, em comunhão com Ele e continuamente renovados pelo seu perdão. A oração e os Sacramentos nos obtém a luz da verdade, graças a qual podemos estar ao mesmo tempo serenos e fortes, usar a docilidade e a firmeza, calar e falar no momento certo, exortar e corrigir na maneira justa.

Caros amigos, invoquemos juntos o Espírito Santo, a fim que desça em abundância sobre estas crianças, as consagre à imagem de Jesus Cristo e as acompanhe sempre no caminho da vida deles. As confiamos à direção materna de Maria Santíssima, para que cresçam em idade, sabedoria e graça e se tornem verdadeiros cristãos, testemunhas fiéis e alegres do amor de Deus. Amém


O Espírito Santo no ano litúrgico


Na liturgia, o Espírito santo é o pedagogo da fé do Povo de Deus. O seu desejo e sua obra no coração da Igreja, é que nós vivamos da vida de Cristo ressuscitado (CIC, 1091). Ora, durante o ano litúrgico, a Igreja celebra todo o mistério de Cristo desde a Encarnação até pentecostes e até a espera do retorno do senhor (NUALC, n. 17).

Festa do Batismo do Senhor
            “Quando veio a plenitude dos tempos, mandou o seu filho. Verbo feito carne, unido pelo Espírito Santo” (SC, n. 5). A festa do Batismo do Senhor celebra a manifestação de jesus como filho de Deus, por obra do Espírito, nas águas do Jordão, e manifesta ao mesmo tempo o mistério do nosso Batismo em Cristo, por meio da água do Espírito.
            “E pelo Espírito Santo, aparecendo em forma de pomba, fazeis saber que o vosso Servo, Jesus Cristo, foi ungido com o óleo da alegria e enviado para evangelizar” (prefácio). Em sua pessoa, Jesus cumpre o anuncio profético do Servo do Senhor, sobre o qual Deus pousou o seu espírito (1ª leitura): “Jesus de Nazaré foi ungido por deus com o Espírito santo com poder” (2ª leitura). Essa revelação é para nós, pois como observa São Cirilo de Alexandria, Jesus “não recebeu o Espírito Santo para si mesmo: com efeito, esse Espírito que é seu nos é dado nele e por ele [...] pois, tendo-se feito homem, tinha em si a totalidade da natureza humana, a fim de restaurá-la toda e restituir-lhe a integridade (Comentário sobre o Ev. De João 5,2; Liturgia das Horas).  Nas águas do Jordão, Jesus revela o novo Batismo, ou seja, o Batismo no Espírito Santo anunciado por João Batista (III domingo do Advento).

* CIC – Catecismo da Igreja Católica
* NUALC – Normas Universais do Ano Litúrgico e do Calendário
* SC – Sacrosanctum Concilium 

Escrito por: Alberlan R. da Cruz

O mistério do Batismo do Senhor

A Festa do Batismo do Senhor é riquíssima de significado teológico, místico e espiritual. Infelizmente, com a pobreza litúrgica e teológica da qual a Igreja latina padece hoje em dia, todo este significado permanece escondido e não é disponibilizado para o alimento dos fiéis, que têm todo o direito de conhecer as riquezas da nossa fé católica! Eis, a seguir, alguns dos mistérios de nossa fé presentes na festa de hoje:

1. O Batismo do Senhor encerra o sagrado Tempo do Natal. É importante recordar que, na liturgia da Igreja, este Tempo não é simplesmente a comemoração litúrgica do nascimento de Jesus, mas é, sobretudo, a celebração memorial da manifestação do Senhor na nossa natureza humana. Eis o mistério que a Igreja celebra nas cinco festas (Natal, Sagrada Família, Santa Maria Mãe de Deus, Epifania, Batismo do Senhor): o Filho eterno do eterno Pai, Deus perfeito e verdadeiro, fez-se homem e assumiu nossa carne mortal, num verdadeiro corpo e numa verdadeira alma humana. Assim, Deus manifestou-se na nossa humanidade para curá-la do pecado e elevá-la à vida divina. Deus, agora, pode ser visto, tocado e apreendido humanamente: com o humano, atraiu e salvou o humano, dando-nos a sua vida divina! É o admirável comércio de que tanto falavam os Santos Padres e a santa Liturgia: "Quando Cristo se manifestou em nossa carne mortal, vós nos recriastes na luz eterna de sua divindade" (Prefácio da Epifania); "Por ele, realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova em plenitude. No memento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos" (Prefácio do Natal III); "Deus eterno e todo-poderoso, pela vinda do vosso Filho, vos manifestastes em nova luz. Assim como ele quis participar da nossa humanidade, nascendo da Virgem, dai-nos participar de sua vida no Reino" (Coleta do sábado antes da Epifania); "Deus eterno e todo-poderoso, pelo vosso Filho nos fizestes nova criatura para vós. Dai-nos, pela vossa graça, participar da divindade daquele que uniu a vós a nossa humanidade" (Coleta do sábado após a Epifania). A Festa do Batismo do Senhor é a última dessas cinco festas da Manifestação do Salvador: hoje, às margens do Jordão, o Pai manifesta publicamente Jesus a Israel para o início do seu ministério público. A obra de salvação iniciada com a Encarnação e o seu santo Nascimento, agora se manifesta numa nova etapa: a sua vida pública, na qual tornar-se-á patente aquilo que o Salvador veio realizar.

2. Jesus dirige-se ao Jordão para ser batizado por João. Era um batismo ministrado a quem se reconhecia pecador e desejava entrar num caminho de penitência e conversão para receber o Messias prometido e esperado. É impressionante: o Santo e Justo, o Filho inocente e bendito, entra, humilde, na fila dos pecadores! São as palavras do profeta Isaías que se vão cumprindo: "Eram as nossas enfermidades que ele levava sobre si, as nossas dores ele carregava. Mas nós o tínhamos como vítima do castigo, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi trespassado por causa das nossas transgressões, esmagado em virtude das nossas iniquidades. O castigo que havia de trazer-nos a paz, caiu sobre ele, sim, por suas feridas fomos curados. Todos nós como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada um o seu próprio caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós (Is 53,4-6). Ele, sem pecado, faz-se um com a humanidade pecadora para redimi-la de seus pecados. Aparece aqui, de modo claro, o quanto o Senhor vem tomar sobre si os pecados do mundo. Assim, o Senhor será batizado pelo Servo, o Deus santo feito homem será batizado por uma simples criatura! Ante a reação de João, que não queria batizá-lo, Jesus dá uma resposta impressionante: é necessário que se cumpra a justiça, isto é, o plano do Pai. E o plano do Pai é que o Filho assuma a condição de Servo e se identifique, sem pecado, com a humanidade pecadora. O Filho faz-se obediente ao desígnio do seu Deus e Pai...

3. Ao ser batizado, os céus se abrem! Desde a Encarnação os céus se abriram para nós: o Filho eterno veio a este mundo, Deus habitou entre nós, e onde Deus habita aí está o céu. Por isso, na Noite santa do Natal, os anjos foram vistos na terra e os homens cantaram os cânticos dos céus: "Glória a Deus nas alturas!" O que isto significa? Que em Cristo, com a sua bendita Manifestação, começa ser destruído o abismo que nos separava de Deus e nos fechava o céu. Agora, no Batismo do Senhor, pela obediência humilde de Jesus, os céus se abrem e revelam o segredo mais íntimo do Deus santo de Israel: o Pai unge o Filho feito homem com o seu Espírito de Amor. Aparece, assim, a própria riqueza trinitária do único Deus: o Pai, Aquele que unge; o Filho, o Messias-Ungido; o Espírito Santo, a própria Unção! Assim, Jesus é, agora, a pleno direito, o Ungido, o Messias, o Cristo prometido a Israel.

4. Esta unção de Jesus é salvífica, é para nossa salvação. O Espírito aparece na forma corporal de pomba para evocar o final do Dilúvio. Naquela ocasião, Deus purificara o mundo do pecado, lavando-o com a água. Dali saiu uma nova humanidade. E Noé, quando as águas baixaram, soltou uma pomba, que retornou à arca trazendo no bico um ramo de oliveira, da qual se faz o óleo da unção. Aquela pomba que paira sobre Jesus evoca esse óleo, que o símbolo do Espírito. Jesus nosso Senhor é o princípio de uma nova humanidade, que por ele será redimida e sai das águas - prefigurando aqui as águas do Batismo, águas que são símbolo do Espírito Santo. Ao sair das águas e ser ungido, nosso Salvador e Cabeça já prefigura em si aquilo que todos nós, membros do seu Corpo, experimentaremos: sairemos das águas do santo Batismo, renovados pelo seu Espírito Santo, membros de uma nova humanidade, recriada pela Páscoa do Salvador.

5. Neste sentido, a Festa do Batismo de Jesus tem também um aspecto pascal: Jesus que sai das águas ungido pelo Espírito do Pai, já prefigura seu mergulho nas águas da morte e sua saída na Ressurreição, graças ao Pai, que derramou sobre ele o Espírito Santo, Espírito que o Senhor ressuscitado derramou sobre nós!

6. Ao ungir seu Filho com o Espírito o Pai o apresenta a Israel: "Este é o meu Filho amado, no qual 
coloco todo o meu Bemquerer". O bemquerer, o amor do Pai é o Espírito Santo. Mas, observe: esta frase foi tirada do primeiro dos quatro cânticos do Servo Sofredor, que começa assim: "Eis o meu Servo que eu sustenho, o meu Eleito, em quem tenho prazer. Pus sobre ele o meu Espírito" (Is 42,1). Aqui o Pai revela que Jesus, o Ungido, o Messias ("pus sobre ele o meu Espírito", isto é, ungi-o, fi-lo Messias), é seu Filho. Note que, ao invés de "servo" o Pai diz: é o meu "Filho", o Filho Amado, no qual o Pai coloca todo o seu Amor, todo o seu Espírito Santo de Amor. E, no entanto, esse Filho amado vai realizar sua missão como Servo, Servo sofredor, pois o Pai usa a frase do primeiro dos quatro cânticos do Servo. É como se aqui o Pai apresentasse ao próprio Filho o itinerário que ele deve percorrer, o modo como ele deve desempenhar sua missão: a de um Messias manso, pobre, obediente, humilde, que enfrentará o fracasso, o abandono e a morte! Aqui se manifesta de modo claro e misterioso o destino que o Senhor Jesus vai abraçar por obediência ao Pai: ele se fez obediente até a morte e morte de cruz!
São estes alguns dos aspectos do Mistério que a Igreja hoje celebra. Se unirmos tudo isto às outras festas do Tempo do Natal, teremos diante dos olhos e do coração a impressionante riqueza deste Tempo litúrgico. A esta Manifestação, a Igreja sempre uniu o primeiro milagre de Jesus em Caná, no qual ele transforma a água da purificação dos judeus, própria da Antiga Aliança, no vinho novo, símbolo do Espírito da Nova Aliança. Assim, ele manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele. Somente com todo este mistério diante dos olhos podemos compreender, saborear e admirar aquela estupenda antífona da nossa Liturgia latina nas Laudes de Domingo passado, Epifania do Senhor: "Hoje, a Igreja se uniu ao seu celeste Esposo, porque Cristo lavou no Jordão o pecado; para as núpcias reais correm os Magos com presentes; e os convivas se alegram com a água feita vinho. Aleluia". Misturam-se aqui, deliciosamente, os vários aspectos da Manifestação do Senhor: (a) a Manifestação aos Magos, representantes de todos os povos da terra, atraídos pela luz da estrela do Menino, que veio para ser luz para iluminar todas as nações e glória de Israel; (b) a Manifestação do Senhor como Messias de Israel, no seu batismo, às margens do Jordão, quando o Pai o unge com o Espírito Santo e o apresenta: "Este é o meu Filho amado!" O batismo de Jesus recorda primeiramente sua paixão: ele mergulha e se ergue da água, como mergulhará na morte e erguer-se-á na ressurreição, pleno do Espírito Santo. Seu batismo é fundamento e primícias do nosso batismo; seu batismo é, então, primícias e figura da redenção do pecado que o Santo Messias trouxe a toda a humanidade; (c) a Manifestação da glória de Cristo nas núpcias de Caná da Galiléia. As núpcias simbolizam aquelas do Cordeiro com a humanidade, desposada por Cristo na sua Igreja ao assumir nossa natureza humana: Cristo é o Esposo e a Mulher, símbolo da Igreja nova humanidade e nova Sião, é a Virgem Maria. O vinho novo e bom é símbolo do Espírito, lei da Nova Aliança, que substitui a água da Antiga Aliança judaica. Por isso o evangelho termina esta narrativa afirmando que "Jesus manifestou a sua glória e seus discípulos creram nele".


No seu batismo, o Senhor,
princípio da nova humanidade,
purifica as águas para o nosso Batismo
e destrói o poder diabólico
(note o demônio no fundo do rio, com aspecto de um velho). 

Fonte: http://costa_hs.blog.uol.com.br    (Blog de Dom Henrique)

Bento XVI explica o sentido do Batismo na infância

Queridos irmãos e irmãs

Hoje celebramos a festa do Batismo do Senhor. Esta manhã conferi o Batismo a 16 crianças e por isto, gostaria de propor uma breve reflexão sobre nosso ser filhos de Deus. Antes de tudo, partamos do nosso ser simplesmente filhos: esta é a condição fundamental que nos une. Nem todos são pais, mas todos seguramente são filhos. Vir ao mundo não é nunca uma escolha, não nos vem pedido antes de nascer. Mas durante a vida, podemos amadurecer uma atitude livre em relação a própria vida: podemos acolhê-la como um dom e, em um certo sentido, tornar aquilo que já somos: filhos. Esta passagem sinaliza uma etapa de maturidade do nosso ser e no relacionamento com nossos pais, que se enche de reconhecimento. É uma passagem que nos torna também capazes de ser também genitores, não biologicamente, mas moralmente.

Também em relação a Deus somos todos filhos. Deus é a origem da existência de toda criatura e é Pai em modo singular de cada ser humano: tem como ele ou com ela uma relação única, pessoal. Cada de nós é querido, é amado por Deus. E também nesta relação com Deus, por assim dizer, podemos renascer, isto é, nos tornar aquilo que somos, Isto acontece mediante a fé, mediante um sim profundo e pessoal a Deus como origem e fundamento da nossa existência. Com este “sim” eu acolho a vida como dom do Pai que está nos céus, um Pai que não vejo, mas no qual creio e que sinto no profundo do coração ser o Meu Pai e de todos os meus irmãos em humanidade, um Pai imensamente bom e fiel.

Sobre o que se baseia esta fé em Deus Pai? Se baseia em Jesus Cristo: a sua pessoa e a sua história nos revelam o Pai, o fazem conhecer, o quanto é possível deste modo. Crer que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, nos conduz a renascer do alto, isto é, de Deus, que é amor (Jo 3,3). E precisamos ter claro que ninguém se faz homem: nascemos sem o nosso próprio fazer, o passivo de ter nascido precede o ativo do nosso fazer. O mesmo é também se diz do ser cristão: ninguém pode fazer-se cristão somente pela própria vontade, também ser cristão é um dom que precede o nosso fazer: devemos renascer em um novo nascimento. São João diz: A quantos o acolheram deu o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12). Este é o sentido do Sacramento do Batismo, o Batismo é um novo nascimento, que precede o nosso fazer. Com a nossa fé podemos ir ao encontro de Cristo, mas somente Ele mesmo pode fazer-nos cristãos e dar a esta nossa vontade, a este nosso desejo a resposta, a dignidade, o poder de nos tornarmos filhos de Deus que de nós mesmos não temos.
Caros amigos, este domingo do Batismo do Senhor conclui o Tempo do Natal. Rendamos graças a Deus por esse grande mistério, que é fonte de regeneraçção para a Igreja e para o mundo inteiro. Deus se fez Filho do Homem, para que o homem se tornasse filho de Deus, mediante o Batismo. À Virgem Maria, Mãe de Cristo e de todos aqueles que creem nEle, pedimos que nos ajude a viver realmente como filhos de Deus, não com as palavras, e não somente com as palavras, mas com os fatos. Escreve ainda São João: “Este é o seu mandamento: que creiamos no nome do seu Filho Jesus e nos amemos uns aos outros, este é o preceito que Ele nos deu (I Jo 3,23)